quarta-feira, 24 de março de 2010

Caricaturista da Republica

Alfredo cândido: grande caricaturista português  

Alfredo cândido nasceu em Arcozelo, nas «verdes margens do Lima», como ele gostava de dizer, a 27 de Janeiro de 1879. Em criança perdia-se nos labirintos da imaginação, nos jogos de olhar, no manejo do lápis e nos primeiros delírios tripudiante das linhas curvas. Deve ter feito caricaturas de alguns professores e por essa razão mudou várias vezes de escola até chegar à Industrial de Viana do Castelo. Foi lá que acabou o curso. Depois fez-se à vida. Chegou a Lisboa nos finais do século XIX. «Por causa de uma caricatura, estando depois empregado,» lembra ele anos mais tarde, «fui inesperadamente posto na rua. Foi então que me fiz navegador e atravessei as florestas incultas do Brasil, aonde fiz os meus estudos d’apprès nature, pintando os retratos de várias surucucus que pousaram graciosamente.» Depois, Alfredo Cândido iniciou, no Rio de Janeiro e em São Paulo, uma carreira resplandecente ligada aos grandes momentos do jornalismo e da charge brasileira da época. Colaborou em várias revistas ilustradas: «Portugal Moderno», «Cidade do Rio» de José do Patrocínio. Alfredo Cândido deixava em cada obra a pequena história de um instante complexo, de um quadro tenso de alegria ou de tristeza, de uma consonância ou dissonância com a vida. É verdade que procurava frequentemente os casos estapafúrdicos dos homens no tempo através das suas representações criativas e acessíveis aos outros homens. Por isso, os seus queixumes: «uma caricatura representou sempre uma ameaça e uma espera; duma vez foram suspensos três jornais e eu estive quase a ser também definitivamente suspenso.»Apesar de tudo, o humorista limiano teve um papel de destaque na cultura brasileira. Conviveu com grandes vultos das artes e das letras no Café dos Artistas (O Papagaio).Chegou a compor a letra de uma valsa “Despedida em Lágrimas” para J. Bulhões. Em 1912, talvez um pouco antes, voltou a Portugal. Colaborou no «Brasil Portugal», no «Vira», «Novidades» e em outros jornais, revistas e anuários. Fez caricaturas de ministros, juízes, cambistas, poetas, banqueiros, republicanos e monárquico, entre eles o Conselheiro Luciano Cordeiro; Juiz Conselheiro Francisco Mário da Veiga; Dr.Teófilo Braga; Pereira de Miranda; Dr. Afonso Costa; Moreira Júnior; Henrique Burnay; Dr. Jaime de Magalhães Lima; Fialho de Almeida; Dr. António José de Almeida; Dr. Manuel de Arriaga; Conselheiro Dr. Hintze Ribeiro; Dr. Bernardino Machado; Rei D. Carlos; Marquês de Soveral; José Maria Alpoim; Guerra Junqueiro; Conselheiro Dr. João Franco; Dias Ferreira; Mariano de Carvalho. Ilustrou vários livros em prosa e em poesia, participou nas duas primeiras exposições dos Humoristas (1912, 1913) e em muitas outras que se realizam nas cidades de Lisboa e do Porto. Nessa década, percorreu o país em viagens românticas na busca de temáticas para as suas telas. E em 1923 inaugurou uma exposição de aguarelas no Rio de Janeiro.O sentimentalismo do seu pincel é reconhecido com a primeira medalha de aguarela da Sociedade Nacional de Belas-artes. Pertenceu ao Grupo dos Amigos-Defensores do Museu Rafael Bordado Pinheiro, foi Secretário da assembleia-geral da Sociedade Nacional de Belas Artes, Presidente do Conselho Superior da Federação das Colectividades de Recreio e Vice-presidente da assembleia-geral da Casa do Minho. Morreu em Lisboa, a 27 de Julho de 1960.

quarta-feira, 3 de março de 2010